(Por Fabiana Cortez)
A
vida da jovem psicóloga Angélica Quinelato (25) desde o princípio foi prova de
superação. Sem o sistema muscular nos braços e nervos atrofiados nas pernas, Angélica
revelou primeiramente à família que seu propósito certamente seria a de levar à
todos a mensagem de que superação depende apenas da vontade própria.
Funcionária da Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de
Rondônia – Emater há pelo menos oito meses, foi aos colegas de empresa que ela
palestrou pela primeira vez, levando uma injeção de ânimo em toda a Regional de
Rolim de Moura.
O
convite partiu da gerente regional da Emater de Rolim de Moura, Albertina
Marangoni, que ao acompanhar e observar a dedicação de Angélica em seus
afazeres profissionais na Emater de Nova Brasilândia, onde a jovem atua como
agente administrativa, decidiu incentivar a jovem à levar aos demais colegas da
regional uma lição de vida e motivação. “Por mais que ela não consiga usar os
braços, ela faz tudo com os pés, uma habilidade que foi desenvolvendo com o
passar dos anos e a energia boa que ela transmite por meio da sua autoestima é
algo admirável. Tem tanta gente que não conta com nenhuma deficiência física e
que reclama de tudo, que o exemplo de Angélica certamente vai levar muitos a
iniciar uma reflexão sobre a importância de valorizar tudo que tem e é claro
suas habilidades”, declarou.
O
convite foi tão bem aceito, que Angélica preparou uma série de dinâmicas para
aplicar durante o treinamento, que envolveu as áreas sociais dos escritórios da
Emater da Zona da Mata, tendo o objetivo de incentivar os participantes à criatividade,
integração, trabalho em equipe, adaptação e sobretudo o valor da superação. “É
muito comum observar que existem pessoas com potencial de realizar uma série de
ações ou atividades, mas que não dão sequer o mínimo de valor e não o
aproveita, enquanto há muitos outros que anseiam o tempo todo possuir o mesmo
potencial e não pode e isso é um dos motivos que me incentivou a estar aqui”,
declarou.
Para
ela, a superação depende apenas de um fator, o próprio ser humano, e que todas
as ferramentas para que uma pessoa possa alcançar o sucesso naquilo que almeja
está nas mãos de cada um, que tem o dom de escolher em apanhá-lo ou deixá-lo
fugir por entre os dedos.
A
lição levada por ela, para cerca de 30 pessoas, também atribuiu à explanação
sobre a história de vida de Angélica, graduada em psicologia há seis meses. Ela
contou que ao nascer, a vida dela chegou a ser desacreditada pelos médicos e em
alguns momentos pela própria família. Como vinha de uma origem carente, as
chances de algum tipo de tratamento que pudesse reverter parte de suas
deficiências foram descartadas, mas o que não foi descartado foi a esperança
dos pais, que permaneceu à lutar pela vida de Angélica. E foi por meio desse
amor incondicional, que ela acabou desenvolvendo as habilidades com os pés, a
princípio para pegar fraldas de boca, depois outros objetos que eram dados
pelos pais.
Uma
das fases mais difíceis passou na adolescência, no período escolar. “Eu ficava
observando as outras crianças brincarem e eu não conseguia, mas fui superando”,
revelou. Esse seria apenas outra etapa das superações, porque uma nova surgiu
ao decidir ingressar na faculdade. “Mesmo sendo de Nova Brasilândia, fiz um
esforço para conseguir estudar em Rolim e foi assim que apareceu mais um
desafio para mim. Nunca esqueço quando um dos professores do meu curso se
dirigiu à minha pessoa e pediu para responder uma pergunta. Como eu era
extremamente tímida, fiquei nervosa e não consegui responder a pergunta,
pondo-me aos prantos; daquele dia em diante comecei a trabalhar meus medos e
aos poucos quebrei mais uma barreira”, relembra. A prova que venceu o medo de
falar em público foi naturalmente exposto durante a sua palestra, que aconteceu
no auditório da Secretaria de Estado de Fazenda – Sefaz, onde dominou a atenção
dos participantes até o ultimo instante da palestra.
Para
a colega de trabalho, Solange Almeida Freire, conviver com Angélica é motivo de
orgulho e um exemplo de vida. “Venho aprendendo cada vez mais com ela,
principalmente porque Angélica é a prova viva de que nossos desafios não são
nada, oportunizando um novo aprendizado todos os dias”, alegou.
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