Seu Canal de Notícias no Cone Sul de Rondônia

Seu Canal de Notícias no Cone Sul de Rondônia

Pages

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Por falta de apoio, oficinas líticas estão abandonadas

Pela falta de conhecimento da comunidade, muitas das oficinas líticas estão se perdendo em meio aos aterros clandestinos.
Registradas em uma grande extensão do rio Anta, dentro do perímetro urbano de Rolim de Moura, a falta de atenção das autoridades públicas tem resultado no abandono das oficinas líticas encontradas no município. Elas são a prova viva da presença humana na região antes do período pré-colonial, quando ainda se utilizava instrumentos de pedra.
De acordo com o farmacêutico bioquímico, Joaquim Cunha, pesquisador de arqueologia, a preocupação é que sem a atenção do Executivo e Legislativo Municipal as rochas reconhecidas como oficinas líticas se percam. “Sem o reconhecimento das nossas autoridades essas pedras estão sendo expostas à ação do homem sem qualquer precaução, muitas já acabaram soterradas por aterros clandestinos e junto delas a verdadeira história do município ainda não retratada em livros”, destacou Joaquim, preocupado.
Em um dos trechos, localizado no bairro Beira Rio, entre as Avenidas Boa Vista e Porto Velho, um conjunto de sulcos (amoladores) e depressões circulares (bacias), resultantes da fricção de rochas móveis, foram registradas no rio até mesmo pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, contudo, desde então nada mais foi feito na área para evitar a depredação que tem tomado conta do local, como uma grande quantia de cascalhos despejados perto das rochas, além de lixos.
Durante a ultima visita ao local, o pesquisador esteve acompanhado do professor de História, Neilton Lima Brito, há três meses em Rolim de Moura, que ficou surpreso ao se deparar com a oficina lítica na área urbana. “Como trabalho em uma escola rural, já recebi vários instrumentos líticos encontrados pelos alunos, mas não sabia dessas oficinas dentro da cidade. É importante que essas áreas sejam preservadas para uma análise de especialistas e até mesmo para a conservação da história”, declarou.
Segundo Cunha, o que a sociedade desconhece é que as marcas encontradas na região vão além de presença indígena, algo que pode ser comprovado através de gravuras e de peças já encontradas na região.
A quantia de oficinas líticas no município ainda não foi catalogada, porém Joaquim afirma que a cada quilômetro de rio percorrido no município é possível registrar a presença de tribos, por meio dos instrumentos líticos encontrados e das próprias oficinas. Entre os artefatos já encontrados na região e registrados no IPHAN estão os instrumentos líticos polidos e cerâmicos, além da presença de terra preta de índio – um solo fértil e antropogênico, rico em nutrientes, que gera grandes discussões entre pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, como a arqueologia, ciência do solo e antropologia.
OFICINAS LÍTICAS
As oficinas líticas, também chamadas de estações líticas ou brunidores, são vestígios deixados pelos indivíduos pré-históricos que se utilizavam das rochas para afiarem e polirem seus instrumentos de pedra. Com a adição de areia e água, o utensílio era atritado contra a superfície de uma rocha, formando uma série de depressões na superfície utilizada.  Os pesquisadores consideram polidores as depressões circulares em forma de pratos, decorrente do polimento de instrumentos, que após adquirido o formato, acredita-se que poderiam ser utilizados como moenda de grãos e outros. Já os afiadores são consideradas marcas em forma de frisos deixadas pelo homem pré-histórico que utilizava-se das pedras também para dar fio aos seus machados e lâminas.
Conforme disse Joaquim, em 2009 uma equipe da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (SEDAM) esteve no local para um reconhecimento, visando a adequação para um sítio arqueológico; os vereadores também foram procurados e prometeram ajudar, entretanto não se pronunciaram mais sobre o caso. Já o prefeito do município, Sebastião Dias Ferraz (Tião Serraia), disse que desconhecia o registro das oficinas líticas encontradas no perímetro urbano, mas que no retorno de sua viagem à Brasília estaria disposto a conversar com os pesquisadores para que as providências necessárias para a preservação do local pudessem ser tomadas, assim como a transformação das áreas em sítios arqueológicos.
Fabiana Cortez/Diário da Amazônia/ Rolim de Moura



2 comentários:

ANTONIO disse...

TENHO UMA OFICINA DESTAS NO PATEO DO MEU SITIO. TIVE DE CADASTRAR NO IPHAN ÁS MINHAS CUSTAS.É FALTA DE CULTURA. AQUI É A MESMA COISA (RS).
ANTONIO

Teócrito Abritta disse...

Parabéns pelo interesse em nosso Patrimônio Histórico. Você poderia enviar esta informação para a Revista de História da Biblioteca Nacional. Abaixo o link de uma denúncia equivalente que fiz ao observar o descaso com reíquias arqueológicas na Ilha Grande, RJ.
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/na-ilha-grande-rj-rochas-contam-a-historia

Postar um comentário